quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Rio Doce: Uma Agonia

Os danos ambientais causados pela passagem da enxurrada de lama, provocada pelo rompimento de barragens da Samarco em Mariana, foram drásticos, e a restauração total é tida como impossível

Beatriz Missagia, membro de pesquisa sobre a biodiversidade da Mata Atlântica do médio rio Doce.

A flora e a fauna dos rios Gualaxo do Norte e Doce nunca mais serão as mesmas."A perda de habitat é enorme, e o dano provocado no ecossistema é irreversível", explica o ambientalista Marcus Vinicius Polignano, coordenador do Projeto Manuelzão, que monitora a atividade econômica e seus impactos ambientais nas bacias hidrográficas dos principais rios mineiros pela Universidade Federal de Minas Gerais. "Qualquer ação a ser tomada agora é para mitigar os efeitos do impacto da lama." 

Segundo o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente), estima-se que foram lançados 50 milhões de m³ de rejeito de mineração (o suficiente para encher 20 mil piscinas olímpicas). A lama atingiu diretamente o Gualaxo do Norte, afluente do rio Doce. A enxurrada avança pela calha do Doce, que corta cidades de Minas Gerais e Espírito Santo até desaguar no oceano Atlântico.

O grande montante de lama com rejeitos de minério de ferro e manganês está bloqueando o curso natural dos rios. Com isso, a água corrente começa a buscar alternativas para fluir, e a escolha pode não levar a um final feliz.

O novo caminho pode levar os rios à extinção. "Existe a possibilidade de o rio perder força e se dividir em lagoas", diz Missagia. 

As lagoas também podem morrer. "Além dos minérios de ferro, a lama trouxe consigo esgoto, pesticidas e até agrotóxicos das terras por onde passou. Essas substâncias aceleram a produção de algas e bactérias, que rapidamente cobrirão as lagoas, formando um tapete verde que impede a fotossíntese dentro d'água. Se não há fotossíntese, não há oxigênio. Sem oxigênio os animais, vegetais e bactérias não têm chance de sobreviver", explica.

Fonte: http://noticias.uol.com.br/meio-ambiente/ultimas-noticias/redacao/2015/11/13/rio-doce-precisa-de-acoes-para-garantir-sobrevida-e-tera-danos-por-decadas.htm


segunda-feira, 16 de novembro de 2015

NADA DE ROUPAS PRETAS NO VERÃO PESSOAL!

O albedo foi o objeto de estudo central para esta intervenção, que finaliza o projeto intitulado "Consciência Socioambiental: Uma proposta para o Ensino de Geografia", integrando conteúdos relacionados à temática do Clima, da Vegetação e da Urbanização (a pedido da professora) em um único ato, sempre direcionados pela discussão da Geografia.
Partimos de uma experiência simples mas que quando aplicada à dinâmica da cidade é capaz de revelar muitas de nossas dúvidas, principalmente às que dizem respeito ao conforto térmico, que afeta nossas vidas de forma concreta.


Materiais utilizados: 2 copos de vidro cheios de areia seca, cartolina preta e branca para tampar cada um dos copos e 2 termômetros de fácil visualização acoplados às superfícies recém formadas.
Após a exposição ao sol por alguns minutos obtivemos os seguintes resultados: na superfície branca o marcador eleva-se de maneira lenta e gradual até atingir a temperatura de 36°C enquanto que a superfície de cor preta eleva-se rapidamente até atingir o máximo de temperatura proporcionado pelo termômetro em questão, 43°C. Em seguida retira-se a tampa dos copos a fim de medir a temperatura da areia, sendo que a que se encontrava no copo de superfície branca chegou a 34°C enquanto que a do pote de superfície preta atingiu 38°C.
Fica claro que a quantidade de calor refletido varia de acordo com a cor da superfície, as mais claras refletem mais do que absorvem enquanto que as mais escuras absorvem mais do que refletem. Portanto, nada de roupas pretas no verão em pessoal!

Partindo desta experiencia tornou-se possível explicações relacionadas ao clima urbano e uma apresentação rápida do caso de Viçosa/MG, dada a proximidade dos envolvidos com a cidade.
Brisa de montanha, verticalização, ilha de calor, comparação entre centro e periferia, cor das construções, o centro e a UFV dentre outros tópicos...


É interessante lembrar que a vegetação ou o reflorestamento surge em meio ao debate como uma alternativa à problemática do conforto térmico, entretanto como podemos visualizar na imagem abaixo seus respectivos albedos máximos (asfalto e árvore) são muito próximos (0,18 e 0,20). O que explica esta evidência?


Enquanto o asfalto absorve o calor e não o utiliza em mais nenhum outro processo a árvore e a vegetação em geral o transforma em fonte de energia no processo de fotossíntese, atuando como um verdadeiro ar condicionado natural.


 
                               

Enfim, obrigado a todos os envolvidos durante esse tempo de convivência, professores, colegas bolsistas e principalmente a toda essa molecada dos 1ºs anos 3, 5, 8 e 9 (e obviamente a escola como um todo) que dão trabalho (e muito!) mas também proporcionam grandes risadas e momentos de aprendizado.

Como mensagem final, dentro daquilo que comentamos durante as aulas, nunca se esqueçam de que tudo está conectado, homem e natureza compondo um todo chamado vida. E é dessa relação que vivemos, crescemos e sobrevivemos.

Obrigado pela paciência e audiência, até a próxima!

Referências Bibliográficas
OLIVEIRA, Gilvan Sampaio de. Mudanças Climáticas: ensino fundamental e médio. Brasília: MEC. SEB; MCT; AEB, 2009.






domingo, 15 de novembro de 2015

Mineração: Reflexões...

Imagem de satélite gerada no dia seguinte ao rompimento das barragens em Mariana, em Minas Gerais, mostra como ficou o distrito de Bento Rodrigues após a enxurrada de lama que arrasou o vilarejo de 620 habitantes na quinta-feira. As duas barragens de rejeito de mineração que se romperam desceram em direção às casas destruindo praticamente tudo o que estava no caminho. Onde havia residências, comércios, igrejas e ruas agora há lama, conforme o cartograma desenvolvido e publicado pelo Jornal Folha de São Paulo, a seguir.

O Município de Mariana – MG, localizado na região Central de Minas Gerais vem, nas últimas décadas, de acordo com Sobreira et. al. (2005) em seu trabalho: Cartografia e diagnóstico geoambiental aplicados ao ordenamento territorial do município de Mariana-MG, identifica problemas enfrentando decorrentes da precária gestão e utilização dos recursos do meio físico. Os autores afirmam que, a desconsideração das peculiaridades geológicas e geomorfológicas locais, a pressão exercida sobre o ambiente pelo crescimento acelerado da população e a fragilidade das políticas públicas de planejamento urbano ajudaram a configurar o atual quadro de degradação ambiental local. A complexidade dos componentes geológicos e geomorfológicos, associado às intervenções antrópicas variadas (ocupação de áreas inadequadas, desmatamentos, alteração dos cursos das drenagens, alterações na paisagem, poluição das águas fluviais por efluentes líquidos e pelo descarte irregular e difuso de resíduos sólidos domésticos e entulhos diversos) têm contribuído intensamente para o surgimento de problemas geoambientais, principalmente, nas áreas mais intensamente ocupadas.  Isso hoje se vê acontecendo. E se vivencia de maneira dramática as consequências da mineração, que no Estado de Minas Gerais, não é novidade.


Hoje, infelizmente, ainda  o distrito de Bento Rodrigues está sob a lama, conforme as imagens de satélite que você pode vê a seguir, publicado no Jornal Zero Hora de Porto Alegre. Mas, os impactos desse desastre não são apenas locais. A bacia do rio Doce em quase toda a sua extensão foi atingida pela lama que vazou.

A bacia do rio Doce, conforme a figura a seguir, demonstrar extensão do impacto. a no canto inferior esquerdo, você localiza Mariana, local do rompimento das barragens.




Os danos ambientais causados pela passagem da enxurrada de lama, provocada pelo rompimento de barragens da Samarco em Mariana (MG), são drásticos, devem se estender por ao menos duas décadas, e, mesmo assim, a restauração total é tida como impossível. 
A lama "cimentou" o bioma e pode até ter causado a extinção de animais e plantas que só existiam ali --a natureza local morreu soterrada.
Além disso, a bacia do rio Doce ficou vulnerável e terá de criar um novo curso.
É uma catástrofe, não há como dimensionar os danos. Creio que levaremos ao menos vinte anos para reverter parte do processo, restaurar será impossível
Beatriz Missagia, professora que pesquisou a conservação da biodiversidade da Mata Atlântica do médio rio Doce. A flora e a fauna dos rios Gualaxo do Norte e Doce nunca mais serão as mesmas."A perda de habitat é enorme, e o dano provocado no ecossistema é irreversível", explica o ambientalista Marcus Vinicius Polignano, coordenador do Projeto Manuelzão, que monitora a atividade econômica e seus impactos ambientais nas bacias hidrográficas dos principais rios mineiros pela Universidade Federal de Minas Gerais. "Qualquer ação a ser tomada agora é para mitigar os efeitos do impacto da lama."



Segundo o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente), estima-se que foram lançados 50 milhões de m³ de rejeito de mineração (o suficiente para encher 20 mil piscinas olímpicas). A lama atingiu diretamente o Gualaxo do Norte, afluente do rio Doce. A enxurrada avança pela calha do Doce, que corta cidades de Minas Gerais e Espírito Santo até desaguar no oceano Atlântico.
O grande montante de lama com rejeitos de minério de ferro e manganês está bloqueando o curso natural dos rios. Com isso, a água corrente começa a buscar alternativas para fluir, e a escolha pode não levar a um final feliz. O novo caminho pode levar os rios à extinção. "Existe a possibilidade de o rio perder força e se dividir em lagoas", diz Missagia.
As lagoas também podem morrer. "Além dos minérios de ferro, a lama trouxe consigo esgoto, pesticidas e até agrotóxicos das terras por onde passou. Essas substâncias aceleram a produção de algas e bactérias, que rapidamente cobrirão as lagoas, formando um tapete verde que impede a fotossíntese dentro d'água. Se não há fotossíntese, não há oxigênio. Sem oxigênio os animais, vegetais e bactérias não têm chance de sobreviver", explica.